História de Conceição do Ibitipoca

  • Em 1715 já ascendia a dezenas os principais moradores da região de Ibitipoca, pagando onerosos tributos à Fazenda Real pela posse de extensas glebas, data minerais e 73 escravos, parte de processo colonizador – 310 oitavas e ¼ de ouro em pó, o que equivale a mais de 1000 gramas.Em 1755, foi decretada a proibição desse caminho. Deve-se aqui destacar que a região de Conceição de Ibitipoca e outros locais próximos se constituiu em rota de contrabando do ouro do século XVIII, através de um caminho que partia de São João Del Rei, passava por Santa Rita do Ibitipoca, pela localidade denominada Rancharia, por Conceição do Ibitipoca, pela área do Rio do Peixe (Lima Duarte), prosseguindo para Rio Preto e depois para Paraíba do Sul. Na primeira metade do século XVIII, esse caminho, após a região da Serra do Ibitipoca, se constituía em caminho clandestino por diversas veredas de desvio do ouro. Rancharia é uma localidade próxima a Conceição de Ibitipoca, localizada aproximadamente a seis quilômetros da sede do distrito. De Santa Rita do Ibitipoca havia também um ramal que ligava esse caminho a Barbacena, a qual se situava no caminho dos Bandeirantes até a região o Rio das Velhas e Ouro Preto, e passou a ser ligada ao Rio de Janeiro através do Caminho Novo das Minas Gerais.

    Por volta de 1780 a ocupação na região de Ibitipoca e Lima Duarte estava circunscrita às regiões serranas e suas imediações. Mantinha-se ainda desconhecido e inexplorado o sertão da Mantiqueira Sul, nas áreas banhadas pelos rios do Peixe, Pirapetinga, Paraibuna e Preto – atuais municípios de Lima Duarte, Rio Preto, Bias Fortes, Santos Dumont, Bom Jardim e Juiz de Fora. Em Conceição de Ibitipoca nasceu o cônego Manoel Rodrigues da Costa, importante figura que veio a se destacar na Inconfidência Mineira e teve posteriormente grande atuação política nos tempos do Brasil-Nação. A sua fazenda, localizada no Caminho Novo era ponto de pousada e encontro de viajantes dentre os quais se incluía o Tiradentes. Motivo pelo qual o Padre quase foi enforcado. O padre Manoel Rodrigues da Costa foi ainda ardente promotor da independência do Brasil, sendo eleito deputado para Assembléia Constituinte de 1826. Recebia sempre grande apreço do imperador Dom Pedro I, que o condecorou com as Ordens de Cristo e do Cruzeiro, e com dignidade de cônego da Capela Imperial. Além de tudo isso, foi agricultor progressista. Saint Hilaire, em viagem científica a Minas Gerais, foi visitá-lo e relata que o padre lhe revelou que tinha trazido de Portugal máquinas próprias para tecer o linho e outros tecidos.

    Na realidade o padre tentou introduzir a indústria de tecidos fabricando alguns tecidos de lã de ovelha e de linho que plantara nas terras dele. No século XIX acredita-se que não houve grandes modificações na realidade de Conceição do Ibitipoca. Com a continua ascensão do povoado do Rio do Peixe, acredita-se que Conceição do Ibitipoca foi perdendo expressão, tornando-se depois uma localidade remota, ficando relativamente esquecida. Deve-se destacar a criação da freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Ibitipoca e a integração do distrito ao município de Lima Duarte, antigo arraial do Rio do Peixe. Embora sem grande expressão econômica ao longo da história de Minas, a região de Conceição do Ibitipoca atraiu cientistas e viajantes estrangeiros, pelas peculiaridades de sua paisagem e de sua flora. Em 1822 o cientista Saint Hilaire assim descreveu a localidade: (…) atravessamos primeiro a vila de Ibitipoca, que conhecia mal e julgava ainda mais insignificante do que realmente é. Fica, como já expliquei, situada numa colina e se compões de pequena igreja e meia dúzia de casas que a rodeiam, cuja maioria está abandonada, além de algumas outras, igualmente miseráveis, construídas na encosta da outra colina. Não estranha, pois, que inutilmente haja eu procurado, ontem, nesta pobre aldeia, os gêneros mais necessários à vida.

    Em 1822, Saint Hilaire visitou a serra e fez coleta de vários espécimes botânicos, identificado logo as melastomáceas e outras espécies da flora local. Sobre os bosques da Araucária apontou a correspondência com outras áreas da Mantiqueira, desde a Borda do Campo até as regiões do sul do País, como Curitiba e Rio Grande do Sul, passando por certas áreas do Rio de Janeiro: ele já apontava para uma igualdade de temperatura entre esses diversos pontos, funcionando a Araucária como uma espécie de termômetro dessa situação. Esse grande botânico não se ocupou muito das furnas, mas se emocionou ao descrever os campos e as matas. “A vista dos belos campos que se apresentam hoje a meus olhos, não pude deixar de sentir verdadeiro aperto de coração pensando que logo os deixarei pra sempre. Todos estes dias vivi na mais penosa incerteza. Sinto muito bem que não posso ficar pare sempre no Brasil. Desejaria, porém, ao menos gozar, por mais tempo, do prazer de admirar este belo país.” Visitaram também a serra e descreveram uma comissão científica em 1906 e o doutor Alvaro Astolfo da Silveira em 1922, além de outros cientistas em épocas posteriores. Na segunda metade do século XX o interesse pela Serra do Ibitipoca começou a aumentar, com alguns visitantes procedentes de municípios próximos que ali se dirigiam com a finalidade de fazer lazer, nos feriados e fins de semana. Em 4 de Julho de 1973 foi instituído próximo a Conceição do Ibitipoca o Parque Estadual do Ibitipoca, ao longo de toda a linha de cumeada da serra e vertentes próximas, com uma área de 1488 hectares. Após essa época a freqüência de visitantes ao parque e a sede do distrito tomou impulso, acelerando-se bastante nos últimos anos, caracterizando o turismo como atividade econômica de especial relevância no distrito. Acredita-se que esta seja a principal ação em termos de perspectiva para o futuro, e se for bem conduzida deve se constituir em uma forte e permanente atividade da vida do distrito. Fonte: PLANO DIRETOR CONCEIÇÃO DO IBITIPOCA

    Fonte: PLANO DIRETOR CONCEIÇÃO DO IBITIPOCA

August François Cesar Provencial de Saint Hilare

  • Apesar das duas edições destes preciosos originais, continua geralmente muito pouco conhecida a narrativa desta parte das grandes jornadas do ilustre botânico francês, a quem o Brasil tanto deve, efetuadas em nosso país. Veio a lume, aliás, em publicação póstuma divulgada trinta e quatro anos após o passamento do autor pelo Sr. R. de Dreuzy. Nada podemos dizer sobre as relações deste editor com o sábio ilustre, a quem se de vem as tão célebres narrativas de viagens realizadas em nossa terra de 1816 a 1822 e livros absolutamente notáveis pela valia científica e a probidade dos informes, como não há quem o ignore.

    Falecendo em 1853 deixou Saint-Hilaire volumoso manuscrito inédito; a Viagem ao Rio Grande do Sul, livro muito mais raro que as suas de mais obras. Negocia-se hoje por preços incomparavelmente mais altos do que os das outras Viagens. Coisa que geralmente chama a atenção dos leitores é a fidelidade com que o grande botânico soube gravar as palavras portuguesas, prova de quanto chegou a conhecer bem a nossa língua. A Viagem ao Rio Grande do Sul e a Segunda Viagem a São Paulo, porém, trazem os nomes próprios e os topônimos extraordinariamente estropiados. Isto nos faz crer que o autor tivesse má letra e seu revisor, o Sr. de Dreuzy, ou alguém por ele, nada entendesse de português. Assim não é crível que Saint-Hilaire haja escrito caxuro por cachorro, corgofondo, Pinhamongaba, Jacurahy, Nossa Senhora da Apparanda! (Aparecida), e uma infinidade de outras coisas, como ainda, São João de Manque em lugar de São João Marcos, etc., etc.

    O senhor de Dreuzy dedicou a publicação ao Conde d’Eu pelo fato de ser este príncipe o esposo da herdeira do trono brasileiro, declara-o no prefácio. Do Rio Grande do Sul regressou Saint-Hilaire, por mar, ao Rio de Janeiro, em fins de agosto de 1821. Notou então que as suas coleções se achavam em grande parte estragadas pelas traças; sobretudo o herbário. Os trabalhos de taxidermia fizeram-lhe muito mal à saúde e o clima carioca o deprimiu muito, afirma-o. Assim, para fazer novas coleções, e recolher o material deixado em São Paulo, ao seguir para Santa Catarina e Rio Grande o Sul, entendeu partir para a capital paulista, saindo do Rio, a 29 de janeiro de 1822, com os dois criados, seus velhos companheiros, Firmiano e Laruotte, dois índios montados e um tropeiro. Na primeira viagem a São Paulo, viera de Goiás depois de atravessar o Triângulo Mineiro.

    Na segunda resolveu ir do Rio de Janeiro a Minas, passando pelo registro do Rio Preto, Barbacena, São João d’El-Rei, Aiuruoca, Baependi e Pouso Alto, para depois, descendo a Mantiqueira, chegar a Cachoeira e Guaratinguetá. Daí tomaria o rumo de Taubaté, Jacareí, Mogi das Cruzes e, afinal, São Paulo. Na viagem de volta foi-lhe este o itinerário: Mogi das Cruzes, Nossa Senhora da Escada, Jacareí, Taubaté. Desta última localidade rumou em direção à capital brasileira, por Aparecida, Guaratinguetá, Areias, Bananal, São João Marcos, Itaguaí e Santa Cruz. É muito interessante a série destes depoimentos sempre tão inteligentes e sobretudo sinceros… Trazem valioso contingente de informes sobre a mais importante região brasileira a que se estende entre as duas maiores cidades do país. Estamos certos de que o nosso público amante dos assuntos nacionais apreciará realmente este relato probo e elevado, saído da pena do grande viajante a cuja memória devem os brasileiros muitos motivos de verdadeira gratidão.

    AFONSO DE E. TAUNAY

    Trechos de Saint-Hilaire em Ibitipoca:

    “À vista dos belos campos que se apresentaram hoje aos meus olhares, não pude deixar de sentir verdadeiro aperto de coração pensando que logo os deixarei para sempre. Todos estes dias vivi na mais penosa incerteza. Sinto muito bem, que não posso ficar para sempre no Brasil, mas desejaria ao menos gozar, mais tempo, do prazer de admirar este belo País; quereria poder despedir-me de meus amigos, dos bons amigos dos arredores de Vila Rica; entretanto também sinto que se fizer esta viagem ser-me-á difícil partir ainda este ano, e se espero poucas satisfações na minha volta à França, não posso calar uma série de obrigações que para lá me chamam.”

     

    “Depois de mais ou menos uma légua, chega mos à vila de Ibitipoca, situada num alto. Embora cabeça de distrito que se estende até Rio Preto, consta esta vila de algumas casinholas apenas, e do pior aspecto. Parei numa delas, onde vive, amontoada, numerosa família de mulatos, e perguntei onde morava a autoridade local. Responderam-me que numa fazenda situada a légua e meia daqui; pedi então ao homem, a quem me dirigira, que me indicasse o caminho para a fazenda do Tanque, que sabia ser a mais próxima da serra. Este homem não só me indicou o caminho com a polidez inata aos mineiros como quis servir-me de guia durante alguns instantes. Depois de seguir uma estrada que percorre um vale coberto de mata, cheguei afinal ao Tanque. Pedi hospitalidade a um moço que me disse estar o dono da casa ausente.

    Poderia, eu contudo, aqui passar a noite. Apressou-se em arranjar os diferentes objetos que ocupavam a sala, e ali foram descarregados os meus trastes. Logo depois chegaram Laruotte e José, que deixara na cidade para que compras sem algumas provisões. O último disse-me que nossa chegada causara alarme à cidade. Ali se ouvira falar dos acontecimentos do Rio de Janeiro, e vendo o povo passar um homem com mulas carrega das de malas, concluiu que devia ser algum personagem de vulto, encarregado de fazer recrutamento.

    A fazenda do Tanque parece ter tido outrora alguma importância, mas tornou-se a prioridade de alguns mulatos que parecem muito pobres e cai atualmente em ruínas.”

     

    “Fazenda do Tanque, 15 de fevereiro – Fui hoje herborizar na serra de Ibitipoca, guiado por duas crianças da fazenda do Tanque. À base das montanhas ficam bosques espessos que atravessamos subindo insensivelmente; de repente encontramo-nos em imenso pasto cujo terreno é uma mistura de areia e terras escuras. Desde o momento em que ali pus o pé, achei no meio das gramíneas plantas que pertencem exclusivamente aos campos montanhosos, melastomáceas e uma apocinácea, etc. A serra da Ibitipoca não é pico isolado, e sim contraforte proeminente de cadeia que atravessei desde o Rio de Janeiro até aqui. Pode ter uma légua de comprimento e apresenta partes mais elevadas, outras menos, vales, barrocas, picos e pequenas partes planas. As encostas são raramente muito íngremes; os pontos altos representam geralmente cumes arredondados e os rochedos mostram-se bastante raros. O fundo e barrocas estão geralmente cobertos de arbustos, mas poucos capões se vêem de mato encorpado; quase toda a montanha está coberta de pastos, quase sempre excelentes.

    Seguimos um caminho que sobe, a pouco e pouco, e chegamos a um regato chamado rio do Salto. É ele, explicaram-me, que, sob o nome de rio Brumado, rega o vale onde fica situada a fazenda deste nome e vai enfim avolumar o rio do Peixe.

    Corre o rio do Salto com rapidez numa barroca estreita e, em vários lugares, rochedos a pique o margeiam. Num deles, de cor esbranquiçada, ficam inúmeras manchas pretas formadas, tanto quanto pude avaliar, por expansões liquenóides. Lembra uma e bastante a figura de um eremita embuçado no hábito, e segurando um livro. Dele fizeram um Santo Antônio que é objeto de veneração em toda a zona. Todos quantos perderam animais na serra vão rezar o terço diante da imagem e os encontram infalivelmente; outros há que, em romaria e de vela em punho, visitam o rochedo onde está representado o santo e ali fazem penitência.

    A pequena distância, deste lugar chegamos a um casebre grosseiramente construído de taipa, coberto de sapé, e cujas entradas são portas es treitas fechadas com couro. Se esta choupana apenas revela a indigência, sua situação foi bem es colhida; construída como está num fundo e protegida do vento pelas colinas vizinhas. De um lado um grande bosque, do outro um riacho, cuja água é excelente e faz mover pequeno monjolo.

    Ao chegar fui recebido por uma mulata vestida de saia e camisa de algodão muito sujas. Grande quantidade de bonitas criancinhas, trajadas do modo mais nobre, a rodeavam. Pareceu a mulher um tanto assustada com a minha visita, mas logo se acalmou; perguntei-lhe se o marido poderia levar-me às partes mais elevadas da montanha. Respondeu-me que estava no mato mas voltaria logo. Poderia eu falar-lhe pessoalmente. Enquanto esperava pus-me a conversar com a dona da casa e perguntei-lhe se não se aborrecia, só, no meio daquelas montanhas.

    Disse-me que ali estava, havia apenas um ano, e nunca sentira um único momento de tédio. Os trabalhos caseiros, as galinhas e os animais domésticos tomam-lhe o tempo todo. Havia, além disto, sempre algo de novo em seu pequeno lar. Era preciso ora plantar, ora colher; nasciam-lhe criações; o marido e o filho mais velho saíam para caçar e assim traziam ora um porco-do-mato, cuja carne, assada, comiam todos, ora um gato-selvagem. E com efeito mostrou-me muitas peles já curtidas de vários destes animais. A esta altura chegou o marido que consentiu muito prazerosamente em ser vir-me de guia. Antes de sairmos ofereceu-me queijo, farinha e bananas, frutos que só se podem colher à raiz da serra. Enquanto comíamos, continuou a conversa; meu hospedeiro contou-me que morara muito tempo na vila do Rio Preto.

    Achando este lugar vantajoso para estabelecer-se, porém, ali passara um ano, só, para construir a choupana e formar plantação. Neste lapso de tempo matara dez onças e as sim tornara os pastos mais seguros. Afinal para lá transportara a mulher e os filhos.

    Depois de acabado o almoço partimos todos a cavalo e subimos ao Pião, nome que se dá ao cume menos arredondado e mais alto de toda a serra. Deste pico se descortina horizonte mais extenso do que o da serra de S. Gabriel. Quando o tempo está claro avistam-se até as montanhas dos arredores do Rio de Janeiro. Atrás do Pião, e em grande extensão, acha-se a montanha absolutamente cortada a pique. É difícil reprimir uma espécie de terror, quando, adiantando-se alguém até o limite permitido pela prudência, descobre a imensa profundidade, espessas florestas escondi das em sombrios vales.

    Sob o Pião abre-se um abismo, cuja profundeza não pode o olho calcular, mas que corresponde, dizem, e muito distante dali, a outra barroca muito mais baixa.

    Os pastos que cercam o monte e, em geral, todos os que cobrem aquelas montanhas são de ótima qualidade e poderiam alimentar prodigiosa quantidade de animais. No entanto só ser vem aos de meu guia e de alguns outros vizinhos, tão pobres quanto ele.

    Ao nos afastarmos do Pião, seguimos durante algum tempo as bordas escarpadas da montanha. Atravessamos, em seguida, um riacho à margem do qual cresce singular melastomácea (cujas flores são vermelho-escuras); cortamos terreno pantanoso e depois uma encosta cujas pastagens haviam sido queimadas recentemente e onde cresce em abundância uma Velosia, cujas hastes e galhos tortuosos e enfezados, enegrecidos pelo fogo, terminam num tufo de folhas rígidas do meio das quais se alçam cinco ou seis flores de belo azul, e tão grandes quanto lírios. Nesta excursão apanhei prodigioso número de espécies de plantas. A maioria porém já as havia geralmente colhido, em outras montanhas desta capitania.

    Meu guia pareceu-me principiar a enfadar-se de sede ter a cada momento a fim de que eu pudesse arranjar minhas flores.”

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição e Igreja Nossa Senhora do Rosário

  • Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição

    No fim do século XVII foi erguida uma ermida tosca dedicada a Nossa Senhora da Conceição. Essa foi substituída por uma igreja de adobe no início do século XVIII no outro lado da vila, e, em meados desse século, essa igreja precária foi demolida e construíram no lugar dela o templo atual, cuja sagração data de 1768. A construção foi subscrita por um grupo de ricos fazendeiros da região que trouxeram entalhadores, pintores e santeiros de São João Del Rei. O texto do Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Lima Duarte relata detalhes da “Igreja Matriz”. A principal característica é a torre com sino construída em separado do corpo da Igreja.

    “No Centro da Vila de Conceição do Ibitipoca está a Igreja Matriz, sólida construção de 1768, onde anteriormente havia uma ermida tosca. Ela é circundada por um muro baixo de “pedra seca”, quadrangular formando o adro. No centro ergue-se a Igreja com todas suas paredes construídas de pedras rejuntadas por uma mistura especial, à base de óleo de baleia e estrume bovino. A Matriz de Ibitipoca guarda na sua fachada a singeleza do estilo colonial. São duas janelas de vidro e acima uma entrada de luz, também em vidro, em forma de cruz. O telhado apresenta eiras e beiras encimadas por uma cruz de pedra. A porta é de madeira com grandes almofadas. Suas guarnições de branco com detalhes em azul. À frente da matriz, à esquerda, próximo à entrada principal do adro, está o busto do Padre Carlos Otaviano Dias. A casa do sino está localizada no ângulo do lado direito do adro. Tem aproximadamente quatro metros quadrados de área na sua base de pedra. A sua torre é em forma de pirâmide. Possui dois sinos: um menor, usado para finados, e, um maior, para ocasiões solenes. O que causa curiosidade é o fato de ser a construção separada do corpo principal da igreja, o que não é muito comum nas antigas igrejas mineiras”.

    Igreja Nossa Senhora do Rosário

    Construída no início do Séc. XIX pelos escravos que eram impedidos de assistir as cerimônias religiosas na Igreja Matriz, a Igreja Nossa Senhora do Rosário foi inicialmente feita em adobe e pau-a-pique, servia para comemorar a festa de sua padroeira que tinha como ponto alto a dança do Congado.

    No início do Séc. XX estava em ruínas, o Padre Carlos Otaviano Dias (28/10/1899 – 06/02/1964) construiu outra no mesmo local aproveitando o material que restou da antiga, mantendo-se as mesmas características da original. Passando por nova reforma no início da década de 50. Em 1998, o conselho deliberativo municipal do patrimônio cultural de Lima Duarte resolveu tombá-la e restaurá-la, obras concluídas em 11/99. O Padre Carlos Otaviano Dias. Durante mais de 50 anos, do início deste século até bem próximo aos nossos dias, ele dirigiu a Paróquia de Conceição do Ibitipoca.

    O bispo de Mariana, Dom Silvério, em 1907, o nomeou para lá. O pároco era muito culto, falava quatro idiomas fluentemente, latim, português, francês e espanhol. Era doutor em Direito Canônico, tendo sido ordenado na Basílica de São João de Latrão, em Roma. Muito dinâmico, era muito respeitado na região pelo povo”.

    Trechos retirados do Plano Diretor de Conceição do Ibitipoca – MG

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